Meditação

O que é a meditação?

A meditação não é uma prática fácil quando a iniciamos. Porém, com o tempo, com dedicação e firmeza, concluímos que é maravilhosa e uma técnica, se tal se poderá dizer, que, como nenhuma outra, nos faz reconhecer a beleza e a paz que somos.
Existem vários modelos de meditação, por exemplo, a meditação com japa (repetição de palavras ou mantras e que será provavelmente das mais fáceis para iniciar), a meditação de expansão, a meditação sobre valores, yoganidrā (uma meditação deitada, de relaxamento profundo), meditações curativas, vipassana (onde o mindfulness teve origem) e outras.
Apresento uma breve descrição de algumas das meditações que guio na secção Yoga/Meditação.
O objetivo da meditação não é parar os pensamentos, isso seria impossível, pois a função da mente é estar ativa. Nós temos entre 50 mil a 70 mil pensamentos por dia e a investigação sugere que 90% destes pensamentos são exatamente os mesmos todos os dias, portanto é um mito acreditar que a prática da meditação faz cessar o pensamento.
E nem sempre o que encontramos é um espaço de paz, também nos deparamos com problemas e ideias negativas que teimam em não nos deixar, porém aprendemos a observá-las bem, a reconhecer a distância entre o observador que somos e o que é observado e consequentemente a relaxar e a deixar ir, a sublimar.
Um dos principais objetivos da meditação é estarmos connosco próprios, possibilitar essa conexão com o nosso íntimo, o nosso ser mais profundo que maioritariamente fica abafado com a agitação do quotidiano, as vidas de outros, a política, a sociedade, com a mente cheia de preocupações e planos, com a repetição mental de histórias, conversas, atitudes passadas ou com previsões futuras perfeitamente desnecessárias pois regra geral o tempo vindouro não decorre como prevemos.
Quando reconhecemos isso nos nossos momentos de meditação, é verdadeiramente um espanto concluir que raríssimas vezes estamos no presente.
E quando deixamos de alimentar esses pensamentos, sabendo que não escolhemos o que vem à mente, mas que podemos decidir entreter ou não essas reflexões, encontramos nesse hiato entre conjeturas mentais, o mais belo silêncio, a paz e a plenitude que verdadeiramente somos.
Após 7 intensas semanas com 2 horas de meditação por dia, não guiada, ou seja, feita sozinha, eis o meu relato sobre o que é a meditação:
“Uma ferramenta poderosa e maravilhosa que todos temos ao nosso dispor. Sem efeitos adversos. É uma porta de entrada para o nosso coração, para a nossa intuição, para a nossa parte mais linda, pacífica e amorosa. É um tempo para estarmos apenas connosco e não em interação com o mundo exterior. Sentamo-nos connosco próprios e tentamos deixar de lado todos os papéis que desempenhamos na vida. Por momentos não somos esposas, mães, filhas, profissionais ou amigas. Estamos connosco próprias. Não é uma altura para resolver situações. É um tempo para reconhecer que o nosso ego está constantemente a dizer-nos o que fazer e simultaneamente um tempo para refletir que o ego é o ego e que somos muito mais do que isso; de facto não somos o ego nem a psique. A meditação ensina-nos que somos o observador de todas essas conversas, conselhos e julgamentos. A meditação faz-nos ver que temos um local cá dentro de nós de puro silêncio, presença, paz, beatitude, amor, compaixão, onde podemos sempre retornar em qualquer situação da vida, porque isso é o que realmente somos, essa é a nossa essência, a nossa natureza.”

Cristina Diniz